sexta-feira, maio 01, 2020

1.ºde Maio de 1 972


1.º  de Maio sangrento! Ontem, o meu camarada de Armas, Sebastiao Silva, recordou-me esta data morbida para a CCS do Batalhão 3856, em Dala. Corria o ano de 1972. Uma emboscada do MPLA, em sítio julgado improvável de tal acontecimento, ao tempo, nas proximidades de Chimbila. Foi uma tragédia inesquecível. Era uma viagem rotineira ao Luso para levantar vencimentos, e muitos não operacionais foram no sentido de ir até à cidade, cobrando rotinas habituais. Foram mortos quase uma dezena de camaradas e muitos feridos a rondar as duas dezenas. O MPLA festejou o seu Primeiro de Maio! De repente, sem olhar a meios, eu e o saudoso Alferes Auto, Jorge, alguns Furrieis, Enfermeiros e outros Soldados decidimos voluntariamente, após recolha de mortos e feridos, pela meia noite transportar os feridos ao Hospital Militar do Luso, passando no mesmo local, onde o cheiro a pólvora se confundia com o sangue derramado. Fomos, voltamos ao Aquartelamento ao cair da manhã. Fizemos o que foi possível. O mais difícil foi dizer na enfermaria aos moribundos, um a um, que de manhã o helicóptero os transportaria ao Hospital. Tretas! Estavam com a morte nos dentes, se alguns ainda os tinham. O "inimigo" celebrou o seu 1.O de Maio! Para todos, estou certo, foi e será o dia mais triste das nossas vidas.

Sebastião Silva, levaste-me a escrever aquilo que não queria, mas que ja tinha escrito na história do Batalhão. Obrigado! Somos fortes.. .

domingo, abril 26, 2020

25 de Abril

Passado o 25 de Abril, os Capitães de Abril tanto se auto elogiam por desenvolver e entrelaçar o espírito de corpo entre eles, porque fizeram a guerra colonial, tornando o dia dos Cravos mais fácil: não lhes ficaria nada mal que fizessem um leve elogio aos Oficiais Milicianos, a maioria em serviço Militar obrigatório, que os ajudaram a mudar a mentalidade castrense, algumas vezes fascizante por parte de alguns, empurrando-os definitivamente para uma mentalidade democrática. Foram milhares deles em toda a guerra Colonial, assim como muitos Sargentos Milicianos e por que não dizê-lo, muitas Praças.
Fica o reparo e de quem ajudou alguém na recolha de declarações da sua passagem à reserva, se o Professor Marcelo Caetano levasse a dele avante por conselho da Brigada de Reumático, de colocar na Academia Militar os Oficiais Milicianos voluntários que no teatro da guerra iam ficando, para que após concluída a Escola Militar seriam promovidos ao Posto Militar correspondente ao tempo de serviço, ultrapassando alguns Oficiais do Quadro Permanente.

Tenho dito! Fica o reparo. 25 e Abril sempre!