Pergunto quem explica o silêncio que reinou entre gestores públicos e sindicatos. Levanto a questão porque o problema do défice é da função pública e por isso há que zurzir nos direitos desta, onde na maioria dos funcionários, não abrangidos por regimes especiais (e são muitos), o indíce do vencimeno auferido, é inferior ao salário mínimo nacional. Pobres destes e dos outros causadores de todos os males!
Mas, ninguém tem coragem de afirmar que certos sectores da Segurança Social têm pensões elevadíssimas. E, ninguém diz porque a classe que tem passado por sucessivos governos, tem vergonha de afirmá-lo. Então, eu explico. A maioria dos gestores públicos também passaram pelos governos. Normalmente, são gestores enquanto o seu Partido está na oposição. A gestão destes foi tão má que as empresas públicas foram-se afundando pouco a pouco, despedindo trabalhadores. Estes, dentro de uma promiscuidade entre sindicatos e poder foram negociando evitando-se grandes tumultos sociais. Era necessário não haver desgaste daqueles que ocupavam o poder e desenhavam-se, entretanto, outras formas empresariais para serviços imprescindíveis. Resultaram, de tudo isto, pensões chorudas para uns e para outros, no primeiro "round": algumas a ser pagas há mais de duas décadas. No 2.º "round" gestores e empresários constituiram-se em firmas e vai daí passaram a vender serviços à EDP, CTT, TELECOM, CP, BANCA e etc. Tem sido um fartar de vilanagem. Nem quero falar nas reformas altas dos empresários; ficará para outra altura.
Agora, a economia está depauperada, o fosso entre classes é cada vez maior e sobretudo para os mais desprotegidos não há direitos adquridos. A palavra de ordem é cortar. Como a Função Pública teve sempre mau nome é fácil dizer que esta é e será sempre a má da fita. A restante "poulança" sempre gostou desta forma de populismo. Os políticos sabem-no bem! Como a Europa tem um sistema de reformas de modelo único, urge que os portugueses também caminhem para ele. Vai daí, nivela-se por baixo e sobretudo esquece-se que os nossos salários são os mais baixos da antiga Europa dos 15.
Ao certo sabe-se que muitos, de afinidades políticas partidárias têm reformas chorudas. São estas, por um lado, que trazem mal- estar à democracia. Por outro lado, foram estes políticos que não conseguiram reformar o País, como era imperioso, e foram arrastando a governação portuguesa no modelo herdado do Estado Novo. Os partidos pouco mudaram em relação à 2.ª República por medidas eleitoralistas com medo das classes dominantes para não serem confrontados com mudanças bruscas. Daí, a forma de governação agradou sempre aos sindicatos e aos govenantes que foram passando. Se alguma mudança se fez, deveu-se ,sómente, à questão de acesso aos Fundos Europeus.
Tudo isto me irrita e empobrece a nossa, ainda, jovem democracia. Que papel cabe agora aos sindicatos?