LUÍS OSÓRIO (in "A Capital, hoje)
Marques Mendes é, como se esperava, o novo presidente do PSD. O ministro de Cavaco e Durão Barroso, e líder parlamentar de Marcelo Rebelo de Sousa, deu o seu grito de Ipiranga e tem agora, tarefa difícil, de provar a si próprio, e depois ao país, que é capaz de despir a pele de número dois e vestir a de líder. De todas as tarefas, é uma das mais difíceis. Depois de anos a cumprir o que os chefes lhe pediam, e todos lhe gabaram a fidelidade, tem agora de convencer que não é apenas um mensageiro mas a própria mensagem.
E não é líder quem quer, é líder quem pode. Nesse sentido, ao contrário da maioria das opiniões, considero que Marques Mendes esteve, ao nível do que disse, muito bem na reunião magna dos social-democratas. Depois do seu primeiro discurso (absolutamente gélido para a maioria dos congressistas que ali estavam, precisamente, por ter apoiado, uns meses antes, Pedro Santana Lopes), Marques Mendes correu o risco de pôr em causa o seu resultado final mas, ao mesmo tempo, garantiu margem de manobra para concretizar uma purga no PSD. Uma purga que lhe possa garantir, o mais rapidamente possível, a credibilidade que o seu partido perdeu nestes últimos tempos.
No caminho para a consolidação da liderança, extremamente difícil mas possível, não deve pactuar com Santana Lopes e as suas aspirações futuras. Ao mesmo tempo, não pode oferecer a Luís Filipe Menezes a possibilidade de concorrer à Câmara do Porto em vez de Rui Rio. Se o fizer saberemos que, mais tarde ou mais cedo, se enredará em compromissos e, como acontece sempre nessas ocasiões, acabará sem qualquer capacidade de manobra.
Além da clarificação interna, Marques Mendes necessita de fazer bons resultados nas autárquicas, para ele as eleições decisivas, e contribuir para a vitória nas presidenciais. Se em Dezembro o PSD tiver uma derrota muito clara, se as suas clientelas ficarem desgovernadas e sem alimento, então só um milagre poderá levar o novo líder a sobreviver até às legislativas de 2009. O grupo do estrangeirado António Borges, que representa grande parte da elite do PSD, nessas circunstâncias só muito dificilmente não tomará o partido quase por unanimidade.
É por isso que Luís Marques Mendes tem muito pouco a perder. Decerto leu Maquiavel e sabe quais são as suas limitações e também os seus principais trunfos, sabe que precisa assumir a liderança o mais rapidamente possível e, para mostrar isso ao país, necessita de cortar com o passado de forma efectiva.
Depois de o fazer haverá uma natural confusão interna. Os seus adversários ficarão à espera dos resultados das autárquicas para então, em caso de derrota, começarem a preparar o veneno que obrigarão Mendes a beber no próximo congresso.
É por isso que o Marques Mendes não tem nada a perder. Depende do resultado das autárquicas, no seu partido, e o país exige-lhe que afaste os que condenaram o PSD a este triste episódio. Os militantes querem vitórias, o país deseja credibilidade e coragem.
Só que o problema passa por perceber as políticas que este PSD tem para oferecer em alternativa a José Sócrates. Desse ponto de vista nenhuma ideia saiu deste congresso de Pombal. Os tempos correm de feição para o PS. E este primeiro-ministro não promete vida fácil à oposição.
E não é líder quem quer, é líder quem pode. Nesse sentido, ao contrário da maioria das opiniões, considero que Marques Mendes esteve, ao nível do que disse, muito bem na reunião magna dos social-democratas. Depois do seu primeiro discurso (absolutamente gélido para a maioria dos congressistas que ali estavam, precisamente, por ter apoiado, uns meses antes, Pedro Santana Lopes), Marques Mendes correu o risco de pôr em causa o seu resultado final mas, ao mesmo tempo, garantiu margem de manobra para concretizar uma purga no PSD. Uma purga que lhe possa garantir, o mais rapidamente possível, a credibilidade que o seu partido perdeu nestes últimos tempos.
No caminho para a consolidação da liderança, extremamente difícil mas possível, não deve pactuar com Santana Lopes e as suas aspirações futuras. Ao mesmo tempo, não pode oferecer a Luís Filipe Menezes a possibilidade de concorrer à Câmara do Porto em vez de Rui Rio. Se o fizer saberemos que, mais tarde ou mais cedo, se enredará em compromissos e, como acontece sempre nessas ocasiões, acabará sem qualquer capacidade de manobra.
Além da clarificação interna, Marques Mendes necessita de fazer bons resultados nas autárquicas, para ele as eleições decisivas, e contribuir para a vitória nas presidenciais. Se em Dezembro o PSD tiver uma derrota muito clara, se as suas clientelas ficarem desgovernadas e sem alimento, então só um milagre poderá levar o novo líder a sobreviver até às legislativas de 2009. O grupo do estrangeirado António Borges, que representa grande parte da elite do PSD, nessas circunstâncias só muito dificilmente não tomará o partido quase por unanimidade.
É por isso que Luís Marques Mendes tem muito pouco a perder. Decerto leu Maquiavel e sabe quais são as suas limitações e também os seus principais trunfos, sabe que precisa assumir a liderança o mais rapidamente possível e, para mostrar isso ao país, necessita de cortar com o passado de forma efectiva.
Depois de o fazer haverá uma natural confusão interna. Os seus adversários ficarão à espera dos resultados das autárquicas para então, em caso de derrota, começarem a preparar o veneno que obrigarão Mendes a beber no próximo congresso.
É por isso que o Marques Mendes não tem nada a perder. Depende do resultado das autárquicas, no seu partido, e o país exige-lhe que afaste os que condenaram o PSD a este triste episódio. Os militantes querem vitórias, o país deseja credibilidade e coragem.
Só que o problema passa por perceber as políticas que este PSD tem para oferecer em alternativa a José Sócrates. Desse ponto de vista nenhuma ideia saiu deste congresso de Pombal. Os tempos correm de feição para o PS. E este primeiro-ministro não promete vida fácil à oposição.