Cavaco Silva, equidistante de tudo e de todos enquanto prepara o terreno para a sua candiadatura a Belém, tinha hoje uma conversa com Sampaio, de manhã, cujo anúncio omitiu à Informação e até possivelmente a quase todos os seus apoiantes. Jornalistas e políticos da direita zurziram em Mário Soares por este, também na tarde de hoje, ser recebido por Sampaio com objectivos idênticos aos de Cavaco. Foram todos infelizes: directores de jornais e outros jornalistas, assim como políticos que procuram a todo o tempo o protagonismo perdido há meses, como o deputado Pires de Lima, não foram capazes de ficar calados. Têm razão; já se esqueceram da forma da sua governação.
Realmente estamos perante dois dinossauros manhosos, que têm terreno de sobra para levar a terreiro os seus objectivos: a próxima caminhada para Belém. A culpa é dos políticos actuais que não souberam actuar de forma a que as candidaturas anunciadas não tivessem espaço na sociedade portuguesa. E isto, porque não souberam reformar o País e ainda foram cobardes porque tiveram medo dos sindicalistas, para levar a efeito as reformas que se impunham e tirar o País da forma de governação à Estado Novo. Se reformas houve, foram impostas pela Comunidade Europeia. O País foi conduzido ao fosso onde está, de liberdade mesclada e onde a igualdade se tornou em palavra nostálgica, pois as oportunidades, nos mais diversos campos sociais e de emprego, não são iguais para todos os cidadãos, como se encontra consignado na Constiutuição da República.
Faz bem Cavaco não dar "confia" a ninguém e no seu "deixem-me trabalhar" manter-se equidistante da direita e da esquerda. Mário, travará a batalha de outra forma, com acutilância, na forma de tratar os problemas sociais e há muito embalados em questões económicas, por aqueles que permitem estas candidaturas.