Passados quase quatro décadas lá marchámos até Angola, despindo a pele de ex-colonos envergonhados. Não dá para perceber porque é se levou tanto tempo a perder um complexo imposto pela história. Há muito que esse complexo devia ter sido ultrapassado com o nosso "mea culpa" ao povo angolano, dizendo: estamos aqui como irmãos para uma ajuda mútua e a percorrer caminhos democráticos. Não aconteceu! Agora, com a visita do sr. Sócrates, nosso 1.º Ministro, também não se falou de democracia. Foi contemplada a vertente do desenvolvimento económico mútuo. A comitiva que acompanhou o Chefe do governo integrava empresários e o mundo das finanças. Não tinha ficado mal ao Engenheiro Sócrates fazer-se acompanhar de algumas caras de organizações não governamentais e que no anonimato e escondidos dos jornalistas dão o rosto por uma Angola rumo aos direitos humanos. Pelo menos as Entidades Angolanas aperceber-se-iam de que os cidadãos portugueses têm preocupações democráticas e sociais. Tinha sido um sinal contrário a um governo de regime único. Todos entendiam e a comunidade Internacional percebia que o povo Português não teve essa preocupação somente em Timor. Temos que a ter em todas as nações onde fomos colonizadores e que ainda estão afastadas da vivência democrática.
O Governo Português nesta deslocacão não entendeu assim. Entende-se que para haver democracia é preciso antes haver poder económico. Será? Não ficava mal ao Sr. Sócrates, oriundo de um Partido da esquerda democrática, apontar qualquer caminho para a democracia, numa Angola rumo à justiça social, à igualdade e ao desenvolvimento harmonioso do seu povo. Estou de crer!
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