Nem sempre a sorte protege os audazes!...
O
importante não é ganhar, como dizia o barão Pierre de Coubertin, é
abrigar-se, como diz o Met Office, o serviço meteorológico britânico. O
tempo, ao qual os ingleses devem a vontade de ter partido e construído
um império, fez dos Jogos Olímpicos de Londres os primeiros onde os
recordes são batidos ainda antes da cerimónia de inauguração: o mês de
junho foi o mais chuvoso dos últimos cem anos (e estamos a comparar com
marcas de um país campeão na modalidade). As autoridades, dizia ontem o
jornal The Guardian, já se preparam para mudar as datas de provas em
locais abertos - hóquei, ciclismo, vólei de praia... Mais grave, a
cerimónia de abertura ousa ser no principal estádio, onde só dois terços
dos 80 mil espectadores têm teto. Zeus, o deus grego da chuva, deve ter
aderido ao partido Syriza e quer punir os ricos: os bilhetes mais caros
(2500 euros para a cerimónia de abertura, 900 euros para a final dos
cem metros), bem junto à pista, são também para os lugares diretamente
sob as nuvens londrinas. Felizmente tanta ameaça de água ainda não
apagou a chama olímpica: "O melhor da festa será ultrapassarmos os
inconvenientes da chuva", desafiou Hugh Robertson, o ministro dos
Desportos. É o espírito de que eu estava à espera numa cidade onde um
comerciante, depois do bombardeamento alemão que lhe estourou a loja,
pôs na montra partida este anúncio: "Mais abertos do que nunca." Como os
Jogos Olímpicos de Londres.
(Ferreira Fernandes, no DN de hoje)
(Ferreira Fernandes, no DN de hoje)
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