sexta-feira, outubro 31, 2014

Opinião!...

Só da nossa Lusitânia!...aqueles que não denunciaram a situação insolvente do BES e permitiram que alguns(os da seita) não perdessem dinheiro ou não perdesse tanto foram premiados, vendendo "papéis" antes que o buraco viesse a público. Trata-se de dois energúmenos que deviam de estar a ser julgados por incumprimento de funções na supervisão do Banco de Portugal e contrariamente a sua falta de pudor no dever de função altamente remunerada foi premiada. Os agora dois ex-directores da Supervisão do Banco de Portugal, Senhores Luís Ferreira e Pedro Machado foram contratados para a firma de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC). Para Espanto nosso, é a firma contratada pelo auditor, sem concurso, para auditar as contas do Novo Banco. Há coisas do vale da da breca, não vá o diabo tecê-las!
Será que o Sr Carlos Costa também se vai manter Governador do Banco de Portugal?... sabe-se lá! Tornou-se já público a falta de denúncia atempada da situação de falência do BES. O Governador só poderá ser safo pelo poder rôto, em virtude de se deixar enrolar por Passos Coelho e pela Ministra das Finanças afim de que a falcatrua viesse ao domínio público mais tarde, como aconteceu!
Pena é que sejam os desgraçados contribuintes a pagar tais desvarios de avarentos sem vergonha na cara, enquanto uma seita reduzida canta, assobia e amanha-se de papo cheio! ...coisas da Lusitânia, à beira do terceiro mundo, na mão de déspotas.

quinta-feira, outubro 30, 2014

Pensando!

Faltou à Europa a política das pessoas! Houve quem se preocupasse em demasiado com os Estados-o paráquedista José Barroso, que apanhou o lugar de chefão da política europeia sem se perceber muito bem como lá chegou! E, vai daí, com o desprezo pelas populações, temos pelo menos em todo o Atlântico Norte os Russos na missão de espiar e avaliar o comportamento dos países da Nato. Até sabem ao verem os seus aviões a ser "pintados" com os F16 e outros aparelhos bélicos, apesar de verem pelos radares os diapositivos de combate dos bombardeiros da NATO, que nada lhes acontecerá. Passou a ser uma guerra de nervos para os pilotos preparados para situações destas-espiar. Sendo assim, voltámos ao tempo da guerra fria, de desconfiança mútua. Significa isto que o investimento em material bélico tem que acontecer em todos os países da União Europeia, a curto prazo(como já aconteceu na Suécia, após a história da busca em vão do submarino de Putin),quando devia ser canalizado para o enriquecimento dos europeus, recapturando a Economia cada vez mais desperdiçada, por falta de acção política da direita que controla os destinos da Europa. Merda!...o velho continente merecia outros objectivos, até pela natureza pacífica das suas gentes, aprendida com a lição da última "Grande Guerra". Os europeus são pessoas!...palpito que em pouco tempo serão meros números, como já acontece nos países periféricos da C.E. E agora, acordar-se-à?

quarta-feira, outubro 29, 2014

Recordando



...e a lembrar a Feira de S.Martinho na Golegã.
(Ano de 1970)

Retrato de meu Pai, moço no sonho
Que o nimbo de tais anos esvaece,
Não se pode dizer que está risonho
Nem tão pouco com o triste se parece.

Companheiro de mesa de escrever,
Não me olha, para não me distrair;
Mas, se assobio, como o ouvi fazer,
São bem meus versos que ele vem logo ouvir.

Pai, como és sério com a rosa ao peito,
Toda branca e rodeada de folhinhas!
E o bigode cofiado, ainda no jeito
Do primeiro namoro que tu tinhas...
O gesto claro, ermo na barba escura
Que eu conheci de mel nos anos breves,
E esses olhos de amêndoa, e a testa pura,
Fonte de tudo o que eu escrevendo escreves!

Aquele Numquid et tu que me ensinaste,
Antes de Gide o pude pronunciar:
Flor do que faço, és dela o aroma e a haste;
Mestre, como te posso renegar?
Ficas no iodo do retrato antigo
Com a gravata branca de poeta,
Que, perto ou longe, sempre é estares comigo,
Como o aço e o tremor estão na seta.

E vamos ambos desferindo a vida
Comum no canto mútuo em ti calado:
Tu, no meu verso, tua flauta ouvida;
Eu, buscando-te a voz no búzio herdado.

(Vitorino Nemésio-in "O Bicho Harmonioso")

Retrato de meu Pai, moço no sonho
Que o nimbo de tais anos esvaece,
Não se pode dizer que está risonho
Nem tão pouco com o triste se parece.

Companheiro de mesa de escrever,
Não me olha, para não me distrair;
Mas, se assobio, como o ouvi fazer,
São bem meus versos que ele vem logo ouvir.

Pai, como és sério com a rosa ao peito,
Toda branca e rodeada de folhinhas!
E o bigode cofiado, ainda no jeito
Do primeiro namoro que tu tinhas...
O gesto claro, ermo na barba escura
Que eu conheci de mel nos anos breves,
E esses olhos de amêndoa, e a testa pura,
Fonte de tudo o que eu escrevendo escreves!

Aquele Numquid et tu que me ensinaste,
Antes de Gide o pude pronunciar:
Flor do que faço, és dela o aroma e a haste;
Mestre, como te posso renegar?
Ficas no iodo do retrato antigo
Com a gravata branca de poeta,
Que, perto ou longe, sempre é estares comigo,
Como o aço e o tremor estão na seta.

E vamos ambos desferindo a vida
Comum no canto mútuo em ti calado:
Tu, no meu verso, tua flauta ouvida;
Eu, buscando-te a voz no búzio herdado.

(Vitorino Nemésio-in "O Bicho Harmonioso")

terça-feira, outubro 28, 2014

Pelo Sonho é que Vamos!



Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.

(Sebastião da Gama)

segunda-feira, outubro 27, 2014

Infelizmente jamais!

INFELIZMENTE JAMAIS
No instintivo temor das ruas
Maria hesitava nos passeios
até não pressentir
o mais fugaz
presságio.
Contorno de sombra
à berma de uma além –asfalto
fatal presságio da rua
infelizmente já não
a intimida.
Cumprido o funesto prenúncio
já atravessava uma avenida
infortunadamente já nenhum risco
intimida o espírito
de Maria.
Doentiamente eu amaria ver
Maria ainda amedrontada
e nunca como depois
em que já nada a intimida.
(Noémia de Sousa)

quarta-feira, outubro 22, 2014

Uma de Poesia do Século XVI

Desarrezoado amor, dentro em meu peito

Desarrezoado amor, dentro em meu peito
Tem guerra com a razão, amor que jaz
E já de muitos dias, manda e faz
Tudo o que quer, a torto e a direito.
Não espera razões, tudo é despeito,
Tudo soberba e força, faz, desfaz,
Sem respeito nenhum, e quando em paz
Cuidais que sois, então tudo é desfeito.
Doutra parte a razão tempos espia,
Espia ocasiões de tarde em tarde,
Que ajunta o tempo: enfim vem o seu dia.
Então não tem lugar certo onde aguarde
Amor; trata traições, que não confia
Nem dos seus. Que farei quando tudo arde?
(Sá de Miranda in "Poesias Escolhidas",
introd. e organiz. de José V. Pina Martins, Verbo, Lisboa, 1969)