terça-feira, abril 05, 2005

Vamos lá pensar!

Estou, hoje, preguiçoso para escrevinhar. Convido-vos a ler este texto da "A Capital". Será mais do que uma opinião, acerca dos futuros(?) presidenciáveis? Vejamos:

" Os Presidenciáveis"


Cada vez é mais evidente que a discussão sobre quem será candidato às eleições presidenciais está circunscrita ao PS.
Cavaco Silva, salvo uma hecatombe difícil de imaginar, continua cada vez mais destacado como o candidato único da direita. Qualquer tentativa na direita de lançar um nome que possa afugentar o professor, será rapidamente afastada - a direita política e especialmente o PSD precisam urgentemente de sentir algum sabor a vitória e só Cavaco, ironias do destino, pode oferecê-la aos militantes. Mesmo como "presidente de todos os Portugueses", como é natural.
Cavaco Silva, agora sem os embaraços que as equipas governativas que liderou lhe causavam e sem estar dependente de ciclos políticos, com uma maioria absoluta do PS, será o homem ideal para representar a direita. O problema do PS é que Cavaco é também o candidato perfeito para contar com os votos do centro político, ele que soube nestes anos cultivar uma imagem de progressiva independência do partido que lhe deu o poder. No fundo, serão os mesmos votos que soube captar quando chegou a primeiro-ministro com maiorias absolutas. Votar Cavaco era votar Cavaco e não necessariamente votar PSD. O mesmo deve acontecer em breve.
A esquerda precisa, face a este cenário, de um candidato que possa ser um adversário e não um vencido à partida. Manuel Alegre, derrotado clamorosamente no seu próprio partido, seria também por isso um mau candidato. Ferro Rodrigues está ainda marcado por um consulado que o derrotou pessoalmente. Sobram, pelas contas públicas, António Guterres e António Vitorino. Quererá António Guterres arriscar ser um "novo Cavaco", se perder nas presidenciais para este? Creio que não e acredito que não se venha a candidatar. Vitorino pode ser a opção, mas só avançará se tiver a certeza de que ganha. E, essa, pode não chegar. A esquerda socialista está num dilema – precisaria de um bom candidato, e o bom candidato seria também aquele que não tivesse medo de perder.

mromao@acapital.pt