sábado, dezembro 12, 2009

Música de fim de semana

Enquanto fazia um pouco de ginástica, após a caminhada nocturna, o canal1 da RTP ia transmitindo um concurso "A família"(?) e, foi atirada para o meu ouvido uma canção velhinha, de distante trauteio que, de certeza, "chocou" tantos amores, até que uma geração nova a começou a contestar. Havia a guerra das colónias e a emigração clandestina! A ditadura no País, cada vez se sentia mais isolada do resto do mundo e este tipo de música, apesar de chegar aos recônditos mais longínquos de Portugal, começou a ser votada ao esquecimento. Novos valores se levantavam para a juventude: a música dos beatles e a música "rock" faziam os novos encantos da malta, os cabelos compridos tornaram a juventude contestatária, sobretudo os estudantes filhos da pequena burguesia, quase sempre oriundos da função pública, dos comerciantes, dos operários e de alguns agricultores bafejados pela sorte. Daí, até surgir a música de intervenção foi um instante: as letras das baladas de Coimbra passaram a ter outro tipo de conteúdo e os amores platónicos tombaram. A cadeira de Salazar partiu-se, a primavera marcelista esvaiu-se rapidamente! Os jovens continuavam a ir para a guerra e, os mais conscientes influenciavam os militares de profissão, já desgastados pela duração da mesma, chegando mesmo alguns a ter vergonha de andarem fardados na rua, com as suas famílias constantemente separadas ou de trouxa às costa derivado às mobilizações quase contínuas, que levaram à determinação das "forças armadas" a mobilizarem-se e organizarem-se para a queda do regime, o que aconteceu com o 25 de Abril de 1 974.
Claro, os tempos passaram a ser outros! Até o "festival da canção" da RTP mudou: as letras das canções, quando ouvidas com atenção tinham uma mensagem ( não era assim Ary dos Santos e Fernando Tordo?...), comentada e divulgada à boca calada, não estivesse por perto um pide ou um informador desta polícia assassina.
Contudo, vamos ouvir a música considerada inócua e de entretimento, mas de melodia suave, romântica, sobretudo populuxa e agradável ao ouvido, que foi o regalo de muitas gerações distraídas.


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