
"A coligação está
por um fio. E não é apenas a exposição de decisões tomadas
unilateralmente, como o desprezo demonstrado em assuntos cruciais.
Passos considera mais o que lhe sussurra Gaspar do que acolhe o que lhe
sugere Portas. Entre estes dois homens há um conflito de culturas e um
atrito ideológico. O mal-estar no CDS é difícil de dissimular, e bem
pode o patético Relvas asseverar que tudo está muito coeso quando
ouvimos os trambolhões que já chegam ao céu.
O "interesse
nacional", sobre ter dado cobertura às maiores patifarias, faz-nos
engolir, com repugnância, o amargo veneno da servidão. Quem da expressão
se tem servido não admite, aos outros, a possibilidade de escolha. "Não
há alternativa" é, igualmente, uma frase maldita que nos têm inculcado
como impossibilidade de conduta, a não ser aquela que o poder impõe. É
no mínimo estranho que um homem lido e havido como Paulo Portas tenha
admitido a possibilidade de que todos somos jumentos, e que a preguiça
mental e a indiferença cobarde nos hajam definitivamente afectado.
Teve
a oportunidade de bater com a porta, e libertar-se das teias de uma
política que o embaraça. Não o fez, em nome do tal "interesse nacional",
e excedeu os limites éticos tradicionalmente atribuídos aos homens de
bem. A escolha foi dele."
Para os mais abonados em tempo, fica o convite para ler todo o naco de prosa escrito. Baptista Bastos é profundo nas suas reflexões. Deixa-me preocupado! Portugal Merece mais!
Sem comentários:
Enviar um comentário