quinta-feira, junho 15, 2006

Interessante!


Associação de Medicina de Emergência aponta deficiências no INEM

Ambulâncias sem equipamento


«As equipas médicas do INEM não estão habilitadas ao ponto de poderem substituir um especialista em obstetrícia» e, sobretudo nas áreas das maternidades a encerrar, «a maioria das ambulâncias destinadas a executarem socorro extra-hospitalar não cumpre a lei, por ausência de parte essencial do equipamento exigido», denuncia a Associação Portuguesa de Medicina de Emergência (APME).
Segundo a APME, as «excepções são os meios colocados nos centros urbanos de Lisboa, Porto, Coimbra, Faro e Setúbal».
Em memorando divulgado hoje - a propósito da recente decisão do Ministério da Saúde em encerrar maternidades que não cumpram as recomendações em vigor - esta associação diz que «é óbvio que o acréscimo de tempo de transporte (de grávidas e recém-nascidos) e de socorro até à unidade de saúde definitiva acarreta riscos acrescidos, que não podem ser suprimidos com segurança absoluta». Pelo que, neste contexto, a APME considera «pouco rigoroso por parte do INEM (serviço do Ministério da Saúde responsável pelo transporte e emergência médica) afirmar perante a comunicação social que possui os meios disponíveis para uma cobertura do território nacional, em tempo útil».
A agravar este cenário, refere a APME, não estão disponíveis nas ambulâncias do INEM «material dedicado especificamente ao socorro/transporte de grávidas, tais como «doppler», fármacos de emergência e equipamento para administração de fluidos, assim como equipamentos de intubação/manuseamento da via aérea».
Relativamente às ambulâncias das corporações de bombeiros ou de privados, diz a associação, estas «pontualmente cumprem a lei no que concerne ao equipamento em causa». Mas, «pelas informações de que dispomos, também não obedecem às recomendações obstétricas».
O documento - a que o EXPRESSO teve acesso - aponta, ainda, para deficiências das VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) e dos helicóptros INEM que, sempre que solicitado, podem fazer o acompanhamento das grávidas. Ou seja, «parte importante do material necessário está disponível nesses meios de socorro», mas faltam «os fármacos específicos dedicados à emergência obstétrica, apesar de de existirem trabalhos de investigação que advogam claramente a sua necessidade».
O que signfica que «mesmo os meios mais sofisticados ao dispor em Portugal não cumprem o «estado da arte médica»,estando assim comprometido um transporte «em segurança».
Segundo a APME, menos de 5% dos médicos a exercer no INEM são obstetras, e a maioria nunca realizou um parto («facilmente explicável pelo facto de exercerem especialidades tais como anestesiologia, medicina interna, cardiologia, ortopedia e cirurgia»).
Além disso, «a formação ministrada pelo INEM inclui somente uma formação de poucas horas em emergências obstétricas». Além disso, «a formação de prestação de cuidados de emergência ao recém-nascido limita-se ao suporte avançado de vida, treinando, nomeadamente, a intubação, no manequim e não num recém-nascido». Sendo certo que «somente os anestesistas e pediatras dispõem de treino contínuo nessas situações».
Ainda segundo a associação, partes substanciais das horas efectuadas por médicos nas VMER são asseguradas por internos de várias especialidades, pelo que a APME considera que «qualquer situação de parto de risco, distócia, sofrimento fetal, reanimação do recém-nascido, etc., é sem dúvida factor de risco acrescido».
Relativamente aos enfermeiros da VMER, a APME diz que estes não acompanham os doentes na ambulância, a não ser em caso de extrema gravidade. Quanto aos tripulantes das ambulâncias, «não têm treino obrigatório numa sala de partos, não estão habilitados a qualquer manobra invasiva de reanimação ou administração de fármacos ou fluidos». Além disso, «não é raro encontrar grávidas tranferidas de centros de saúde só com um motorista a bordo que nem sequer formação de tripulante de ambulância de socorro possui».
As críticas da associação vão, também, para a coordenação dos meios, que se revela «com grandes lacunas, sendo óbvio, que também este pilar não pode garantir o socorro da grávida em segurança».
Maria Luiza Rolim
/In "O Expresso-online"

Não teço qualquer comentário!Certo, é que torna-se necessario mudar as coisas. Já opinei em post anteriores acerca do tema. E volto afirmar que aos técnicos compte definir quem deve receber formação para o transporte das parturientes. O Ministério da Saúde deve tomar as decisões adequadas. O fecho e bem de algumas maternidades trouxe esta realidade. É preciso incutir confiança nas parturientes e convecer o casal de que a medida tomada é a melhor. Nascer perto do local onde se habita nem sempre é o melhor para o filho, sabemos.